Can Dialectics Break Bricks?

sexta-feira, 6 de julho de 2007

[ps] faça voce mesmo

[lanara]





[ps] caixa verde

[marcelo]


[ps] jogo de xadrez

[geziel]



“ ...Considero a pintura um meio de expressão e não um fim. Um meio de expressão entre outros e não um fim destinado a preencher uma vida. E é assim que a cor é apenas um meio de expressão e não o fim da pintura. Noutros termos, a pintura não deve ser exclusivamente visual ou retiniana. Ela deve interessar-se também pela matéria cinzenta, o nosso apetite de compreensão. É por isto que, por exemplo, jogo ao xadrez. Em si mesmo, o jogo de xadrez é um passatempo, um jogo que toda a gente pode jogar. Mas levei-o a sério e isso agradou-me porque encontrei pontos de semelhança entre a pintura e o xadrez. Com efeito, quando se joga ao xadrez é como esboçar alguma coisa, ou como construir a mecânica que fará perder ou ganhar. O lado competitivo do empreendimento não tem nenhuma importância, mas o jogo em si mesmo é muito, muito plástico e provavelmente foi isto que me atraiu” ... – Marcel Duchamp – França (Blainville-Crevon) 28 de Julho em 1887 – (Neuilly-sur-Seine) 2 de outubro de 1968.
Com as próprias palavras de Marcel Duchamp inicio, e pretendo expandir este trabalho me apropriando de imagens, comentários alheios e daqueles que mesmo de maneira simples possam expressar meus pensamentos a respeito de Duchamp.
Sua postura é algo inigualável, pois se trata de uma pessoa que não se preocupava com aquilo que diziam de si, mas se importava em fazer o que o emocionava; para ele a vida entorno do fazer a obra deve ser minimamente divertida, para ser percebida nos momentos de distração. “Se não há diversão é arte, portanto ele não a faz, e por isso não se considera artista”.
Se considerarmos a anti-arte característica essencial do Dadaísmo, Duchamp é um Dadaísta por excelência.



Ele é o responsável pelo conceito de ready made, a saber, o transporte de um elemento da vida cotidiana, a priori não reconhecido como artístico, para o campo das artes. Os ready made passaram, então, a ser o elemento de destaque da produção de Duchamp. Entre os mais famosos, podemos citar a obra L.H.O.O.Q. (sigla que, lida em francês, assemelha-se ao som da frase "Elle a chaud au cul", que, traduzida para o português, significa "Ela tem fogo no rabo"), que nada mais é do que uma reprodução do célebre quadro de Leonardo Da Vinci, Mona Lisa, acrescida de bigodes e barba. Quando abandona a pintura e rompe com o conceito de arte, considera que o gosto estético é fruto de mero hábito e busca outros modos de expressão – os Ready-Made, manifestações muito radicais – é uma delas; o outro “O Grande Vidro”, construído com procedimentos científicos (cálculos matemáticos). Nesses casos está implícito também o propósito de chocar o espectador; por isso afirma que: “será arte tudo o que eu disser que é arte”.


Portanto todo o acervo que nos foi legado pelo passado só é considerado arte porque alguém assim o disse. Duchamp corria atrás de experiências novas, talvez por isso tenha abandonado a pintura de cavaletes – ela tornara um hábito – abandonou o grande vidro, pois se habituara a ele; deixara de ser experiência nova, pois para ele ser artista não é produzir pinturas ou esculturas usando uma técnica dominante e sim revelar o novo, o inesperado, o incomum. Por isso em vez de tela, um painel de vidro; em vez de tintas, matérias pictóricas; e ainda outros recursos tecnológicos. Ele cria um tipo de arte diferente da já existente, a arte da diversão e estética da vida no mundo. “Quando assina suas obras com pseudônimos, Duchamp se desloca de sua própria imagem, criando novos personagens artistas, que no fim são outras pessoas, com nomes e características específicas, sem nenhum sentido subjetivo ou interpretativo para aqueles que os vêem, mas totalmente objetivos para ele”. Depois de O Grande Vidro, Duchamp dedicou-se principalmente ao jogo de xadrez. Permitiu, inclusive, que o fotografassem durante uma partida com uma mulher, aparentemente nua. Na foto, Duchamp está curvado sobre o tabuleiro, concentrado no jogo, assim como sua adversária. A imagem parece reforçar a questão: Se pretendermos assumir o alcance cultural da arquitetura, não podemos nos distrair com os encantos do adversário. Mas, se não nos encantarmos, é possível realizar um grande jogo?


JOGOEm 1963, Marcel Duchamp jogou uma partida de xadrez com uma jovem nua de 20 anos; Julian Wasser fotografou Um dia, em Paris, o artista Naum Gabo perguntou-lhe diretamente por que havia deixado de pintar: “O que você queria que eu fizesse?”, respondeu Duchamp abrindo os braços. “Acabaram-se as minhas idéias”.


Vale a pena ressaltar que a obra de Duchamp deixou um legado importante para as experimentações artísticas subseqüentes, tais como o Dadaísmo, o Surrealismo, o Expressionismo Abstrato, a Arte Conceitual, entre outros. Muitos dos artistas identificados com essas tendências prestaram tributo a Duchamp, quando não o conheceram de fato, tendo com ele um contato direto (ou, às vezes, íntimo), o que influenciou as suas respectivas obras. John Cage, por exemplo, trocou idéias com Duchamp, e André Breton, pai do Surrealismo, por várias vezes tentou atrair Duchamp para a causa do movimento surrealista; Tristan Tzara, um dos responsáveis pelo Dadaísmo, também reconheceu na obra de Duchamp, apesar do pouco contato da arte norte-americana com a arte européia, uma espécie de precursora.





Conclusão
Usando o próprio vocabulário do jogo de xadrez, Affonso Romano de Sant'Anna ¹, afirma:
“Marcel Duchamp deu um xeque-mate na arte há quase
cem anos. Desde então ela ficou paralisada, prisioneira, dependente de uma solução que teria que passar pela desconstrução do impasse que criou. Duchamp encurralou o conceito de arte da época ao convencer seu auditório, que tudo era arte, desde que alguém assim o quisesse, desde que o artista apusesse em qualquer objeto, modificado ou não, sua assinatura. No instante em que, atônitos, seus interlocutores e, depois, as gerações vindouras, caíram neste jogo, a arte, como o Rei, ficou imobilizada, pois se tudo é arte, nada é arte.”.
Mesmo não admitindo,
Duchamp é o artista que mais radicalmente redefiniu o fazer artístico desde Leonardo da Vinci.
Sem ideologia ou moral, descrente dos grandes gestos ou das grandes causas, sua estética foi essencialmente ética. Antes de tudo, viveu e criou em nome da liberdade. Recusou todos os compromissos, da família à profissão, em nome da integridade e da coerência de sua obra e de sua vida.
Tal qual o jogo de xadrez – grande paixão de Duchamp e que se reflete na criação do artista – cada lance espera a resposta do espectador. É o desejo inflamado e estratégico de produzir, agir de forma objetiva e na hora certa, para dar o “xeque-mate” final, que é o prazer de incomodar, aguçar, provocar um interagir obra/observador; despertar as ilimitadas possibilidades de se praticar a arte...
Portanto, pode-se dizer que, aqueles que quiserem fazer parte de seu “Jogo de Xadrez”, aprender as estratégias, interessar-se pelo mecanismo da arte (do engenheiro do tempo perdido) propondo mudanças para aquilo que se pensava imutável; quebrar dogmas, paradigmas, preconceitos (ready made) e superar barreiras até mesmo do tempo com relação à arte, têm em Duchamp, não receitas, mas exemplo de disposição para promover mudanças que podem, como aconteceu, marcar época e produzir ao mundo um novo conceito nas atitudes que se pode corroborar.
Procura-se por Duchamp’s que queiram assumir tal postura...






Bibliografia
http://escritaemword.blogspot.com/2007/06/marcel-duchamp-jogador-de-xadrez-1911.html
http://antologiadoesquecimento.blogspot.com/2007/02/perguntar-ofende-4.html
http://www.arquitetonica.com/editorial2.html
http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.moma.org/images/collection/FullSizes/82583003.jpg&imgrefurl=http://www.moma.org/collection/browse_results.php%3Fcriteria%3DO%253AAD%253AE%253A8312%26page_number%3D2%26template_id%3D1%26sort_order%3D1&h=450&w=360&sz=16&hl=pt-BR&start=15&tbnid=cbN05saBmpVaQM:&tbnh=127&tbnw=102&prev=/images%3Fq%3DAndr%25C3%25A9%2BBreton,%2B...%26gbv%3D2%26svnum%3D10%26hl%3Dpt-BR
http://www.niteroiartes.com.br/cursos/la_e_ca/duchamp.html (Engenheiro do tempo perdido)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcel_Duchamp
http://www.releituras.com/arsant_bio.asp (1)
http://pontoscegos.blogspot.com/2007_04_01_archive.html
http://www.niteroiartes.com.br/cursos/la_e_ca/modulos2.html
http://www.eca.usp.br/nucleos/nce/cristina/duchamp.html

[ps] tradução

[juliana]










[ps] lojas de penhora

[leonardo]
























[ps] loja de penhora

[eunério]
Pe.nhor (ô) sm 1. Direito real que vincula coisa móvel, ou mobiliza a dívida, como garqantia de pagamento desta. 2. A coisa que constitui essa garantia. 3. Ggarantia,segurança.

Pe.nho.ra sf. Apreensão judicial de bens, valores,etc., De de vedor executado, em quantidade bastante para garantir a execução.

Pen.nho.ra.do adj. 1. Aprendido po penhora. 2. Grato, reconhecido.

Pe.nho.rar v.t.d 1. Dar em garantia ou penhor;empenhar. 2. Dar motivo de gratidão a.P. 3. Mostrar-se reconhecido, grato.{conj.: 1 [penhor]ar


Antes mesmo de citar definições do que seria,ou seja,do que é “penhora” o qual vimos com Marx e Peter podemos pensar primeiro no objeto que se é penhorado, qual o seu valor tanto de uso quanto seu valor de troca, mesmo quando se tem a possibilidade de tê-lo de volta. Marx peenhorava seu casaco para poder cumprir o seu dever e suas necessidades e com certeza o seu casaco “valia” ou tinha mais valor para ele do que para o dono da loja de penhora. Para o dono da loja o qu valia para ele era o tanto que podia ser dado por garantia, mas para Marx o valor que era pago pelo casaco não chegava nem aos pés do valor sentimental que o casaco tinha e passou a ter depois que começou a acontecer essa “troca” para se manter tornando para ele um objeto que tem uma história.
Baseado nessa história lembro da minha avó que tem uma história quase parecida com a de Marx ela chegou a penhorar jóias que seu marido ,no caso meu avô,deu pra ela de presente inclusive um par de aliança que quando foi embora deixou pra trás, ela precisava fazer isso pois tinha filhos pequenos para criar e fazia dessa “troca” o seu sustento.
Hoje quando lembra disso pensa o quanto valeu apesar de que quando ai penhorar aquelas jóias o dono da “loja de penhora” não pagava nem a metade do que as jóias valiam mas deu para se sustentar e sustentar seus filhos, hoje as jóias estão guardadas e com certeza hoje vale muito mais do valia naquele tempo pois existe além do seu valor em reais tem uma história, e com certeza esses objetos não foi desnudado totalmente a não ser quando surgiu o necessidade de “troca”, só ela sabe qual o verdadeiro valor de suas jóias.

[ps] fetiches

[olavo]
A primeira vista, a mercadoria parece uma coisa trivial, evidente. Analisando-a,vê-se que ela é uma coisa muito complicada,cheia de sutileza metafísica e manhas tecnológicas. Como valor de uso, não há nada de misterioso nela, quer eu a observe sob o ponto de vista de que satisfaz necessidades humanas pelas suas propriedades, ou que ela somente recebe essas propriedades como produto do trabalho humano. A mercadoria em si não passa de um objeto na qual podemos fazer uma distinção da sociedade com ela, “ um homem sem um casaco,mesmo que tivesse um passe de entrada,era simplesmente qualquer um.Sem seu casaco,Marx não estava, em uma expressão cuja força é difícil de reproduzir,vestido em condições em que pudesse ser visto”[1] Isso nada mais é do que um fruto do capitalismo onde as pessoas se preocupam em ter as coisas para poderem pertencer a certas classes sociais. Na correria frenética do dia a dia, somos condicionados, ou obrigados, de certa forma, a nos inserirmos nas condições e regras impostas pelo mundo que nos rodeia. O ser humano atual se vê potente e maior do que qualquer força superior. Na verdade, a intensa e fugaz rotina do mundo, não tem mais tempo para parar e analisar, o quanto é condicionada dentro de si própria, resultando numa imensa crise de egoísmo.
Incomoda-me sobremaneira o materialismo, o fetichismo sobre as coisas, que encontro no dia a dia. O que importa hoje em dia é ter, e não necessariamente "ser". Nos shoppings, veículos máximos do materialismo, as pessoas vislumbram a suposta e utópica felicidade, de ter o carro do ano, o perfume da moda. Entre os adolescentes, o que vale é "ficar" com a pessoa mais "cool". As crianças, dentro de seus condomínios, pseudo presídios, não tem a liberdade de outros tempos.
Os pequeninos estão perdendo a inocência, pois ficam condicionadas cada vez mais às imposições restritas da mídia e do capitalismo. Hoje em dia, as mães não têm mais tempo para os filhos. Enquanto isso, as crianças ficam condicionadas aos argumentos fúteis do mundo materialista que as rodeia. A realidade das crianças hoje em dia, especialmente em se tratando das crianças da classe média, é muito fria. Os jogos de videogame, Mtvs e MSNs, são a tela de sua diversão.
No caso de Marx, ele nada mais era sem “seu casaco, ele determinava diretamente que ele podia fazer ou não. Se seu casaco estivesse na loja de penhores durante o inverno ele não podia ir ao Museu Britânico, ele não podia realizar a pesquisa para O Capital. As roupas que Marx vestia determinavam assim o que ele escrevia. Existe, aqui, um nível vulgar de determinação material que é difícil até de considerar, embora as condições materiais vulgares fosse precisamente aquilo que Marx estava discutindo: todo primeiro capítulo de O Capital traça as migrações de um casaco, visto como uma mercadoria, no interior do mercado capitalista.”
[2]
A vestimenta hoje, passou a ser um agente condicional da sociedade. O fetiche criado em cima das mercadorias,tanto para poder se embelezar quanto pelo simples fato de pertencerem a uma classe, como diria Marx “se abstraímos seu valor de uso ( da mercadoria), abstraímos também os componentes e formas corpóreas que fazem dela valor de uso...toda as suas qualidades sensórias se apagam.”[3]
Essas questões de fetichizar as coisas aparentemente parece ter surgido com o surgimento do capitalismo, “Para Marx, o fetichismo não é o problema, o problema é o fetichismo das mercadorias. Por que, então, o conceito de fetichismo continua a ser usado de uma forma basicamente negativa, invocando-se, com freqüência, de forma explícita, o uso que Marx fez do termo? Essa conotação negativa deve-se ao ato de exploração que inicialmente, criou o termo. Como brilhantemente argumentou William Piez, o fetiche emerge a partir das relações dos portugueses na África ocidental nos séculos XVI XVII. Pietz mostra que o fetiche como conceito foi elaborado para demonizar o apego supostamente arbitrário dos africanos ocidentais aos objetos matérias”.[4]
Esse fetichismo criado em cima de coisas matérias, de classes sociais, vez com que as coisas perdessem seus valores, desde coisas materiais ate mesmo o ser humano em si, antes tinha seu valor pelo que representavam, ou seja, seu valor de memória. Hoje o valor de memória perde para o valor de troca.Como exemplo,não se compra um apartamento onde através de suas marcas na paredes,onde se guarda a historia das pessoas que ali moravam, mais as pessoas hoje preferem apartamentos limpos de paredes brancas que é para não ser tocado,sentido ou ate mesmo experimentado.Essa alienação é facilmente percebida nas relações de operários e os produtos que eles produzem.Eles vêem em catálogos os produtos produzidos mais não podem te-los.Para Marx esse “fetichismo da mercadoria era uma regressão relativamente ao materialismo (embora distorcido) que fetichizava o objeto.” [5]
Num contexto atual, o que se torna engraçado é o quanto esse materialismo tomou conta da sociedade, onde ter independente de saber o que se tem é importante para poder pertencer a uma classe.Fetiche: objeto animado ou inanimado,feito pelo homem ou produzido pela natureza , ao qual se atribui poder sobrenatural e se presta culto, e é nesse fetichismo que se conforma com passar do tempo,que as pessoas vão se tornando mais alienada,menos culta, e mais pobre de espírito, onde o fetiche das coisas se torna a cada dia um fato mais condicional. Quando a vida passar, seremos valorizados por tudo aquilo que fizemos de nós. E o "ter" não terá tido tanta importância. Na verdade, dessa vida somente levamos, a nossa essência. As lágrimas que enxugamos os sorrisos que demos os momentos inesquecíveis de afeto, as amizades verdadeiras, o companheirismo... Isso sim, são valores eternos.Hoje em dia temos mais seguidores de uma nota de 100, do que o cristianismo.

A sociologia vai ao shopping center
Luiz Sugimoto
“Por que o shopping center foi inventado? O que sua existência significa hoje na vida das pessoas e das cidades? Por que as pessoas acham que não pode mais existir vida urbana sem shopping center? Valquíria Padilha, especialista em estudos do lazer, mestre em sociologia e doutora em ciências sociais pela Unicamp, lança o que chama de “um olhar sociológico” sobre esse espaço do consumo, no livro Shopping Center – a catedral das mercadorias (Editora Boitempo, 2006). O livro é fruto de tese de doutorado defendida junto ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), sob orientação do professor Ricardo Antunes. “A sociologia me forneceu instrumentos para analisar o shopping center como um lugar que reserva mistérios que o senso comum não permite perceber, vê-lo como um espaço que não é apenas para comprar mercadorias, mas que esconde outras intenções. O olhar científico exige uma sistematização do conhecimento, movimentando técnicas de pesquisa para desvendar o que tem por trás da aparência. Nem tudo é como parece ser. Karl Marx disse que se toda essência coincidisse com a aparência, a ciência seria desnecessária. Acredito nisso”, afirma a pesquisadora.

A sociologia e as intenções ocultas neste espaço do consumo

Valquíria Padilha, atualmente professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP em Ribeirão Preto, observa que o shopping passa a ser objeto de estudo da sociologia já quando se transforma no lugar mais visitado de uma cidade, ou quando uma criança de rua é barrada na porta pelos seguranças. Para contar a história do shopping center, a pesquisadora remonta ao século 19, quando nasceram as lojas de departamento na Europa ocidental e começou-se a desenvolver a “cultura do consumo”. “Com essa nova forma de comércio, que passa da compra e venda de bens de extrema necessidade para a compra e venda de supérfluos, cria-se um ambiente de imagens e símbolos que se associam aos bens para torná-los atraentes e levar as pessoas a acreditarem que eles são necessários. Começa, então, a haver uma grande mudança na concepção das pessoas sobre o que é e o que não é necessário para ser feliz”, explica.

A socióloga acrescenta que tudo isso vai caracterizando a sociedade capitalista, que descobre no consumo a grande armadilha para aumentar os lucros dos donos das empresas. “Digo armadilha porque essa “cultura do consumo” fisga as pessoas a partir do uso de uma série de recursos que vão se aperfeiçoando até os dias de hoje, quando os publicitários se especializam em comportamento humano, por exemplo”, constata. Ela ressalta que o estudo da “Indústria Cultural”, desenvolvido originalmente na denominada Escola de Frankfurt, foi muito importante para que compusesse essa crítica à sociedade de consumo, associando-a ao fetichismo das mercadorias. “Essa palavra deriva da palavra francesa ‘fetiche’, que por sua vez deriva de uma palavra portuguesa, ‘feitiço’”, ilustra.

Segundo Valquíria Padilha, a idéia de fetichismo das mercadorias vem igualmente de Karl Marx, que via as mercadorias revestidas de um caráter misterioso, por duas razões. Primeiramente porque as mercadorias escondem nelas o trabalho humano, o que significa que o sapato ou bolsa que compramos carregam todas as relações sociais que se estabelecem no trabalho. Outra razão é que as pessoas trocam mercadorias e, nessa troca, tornam-se elas mesmas mercadorias sem perceber. “É o que implica o processo de ‘coisificação’ dos seres humanos que vivem na sociedade das mercadorias. O shopping center é o local mágico da troca de mercadorias. Tudo se converte em mercadoria, mesmo que alguém vá lá e não compre nada. Tudo que se olha tem um preço. As pessoas que se relacionam no shopping em meio às mercadorias acabam perdendo o que têm de humano – que a gente nem sabe mais o que é”, lamenta.

Os Iguatemis – Valquíria Padilha informa que o sistema de shopping center nasceu nos Estados Unidos, nos anos 1950, como tentativa de criar uma nova cidade sem problemas urbanos como trânsito, chuva, sol, pedintes, acidentes, falta de estacionamento nas ruas. A invenção dessa cidade artificial, entretanto, serviu para propagar um “modo americano de viver” que se espalhou rapidamente pelo Ocidente. “No Brasil, os shoppings foram construídos exatamente como nos EUA. A segurança, a facilidade de encontrar tudo no mesmo lugar e a idéia de modernidade e progresso aliada ao shopping foram os maiores atrativos para os brasileiros elegerem esse ‘templo do consumo’ como lugar privilegiado para compras e lazer”, diz a professora.

O primeiro e maior grupo de shopping centers no Brasil foi a Iguatemi Empresa de Shopping Center S.A., que pertence ao grupo Jereissati, do Ceará. O grupo Jereissati entrou no ramo em 1974, com a construção do Shopping Center Um em Fortaleza, e desde então vem se expandindo em todo o país, sendo a atual líder no setor. “Os proprietários de shoppings são normalmente grandes grupos de investidores, holdings ou construtoras. Para dar um exemplo, o Shopping Parque Dom Pedro, de Campinas (SP), pertence a um grupo português chamado Sonae, holding da área de telecomunicações, Internet e multimídia. Nos Estados Unidos permanece a tendência. O truste Simon Property Group possui cerca de 290 shoppings naquele país e dezenas na Europa, Japão, Porto Rico e México”, acrescenta.

Público ou privado – Em seu livro, Valquíria Padilha analisa se o shopping center é um espaço público ou privado. Ela considera que no Brasil, como em todos os países onde a desigualdade social e econômica é mais visível, a violência urbana aparece como um complexo fenômeno que acentua a degradação do espaço público e empurra as camadas privilegiadas da população para lugares mais “protegidos” como o shopping. “A cidadania parte do princípio de que na vida em sociedade todos têm direitos. Assim, numa democracia, como pensar que na prática uns tenham mais direitos que outros?”, questiona a socióloga.
Na avaliação da pesquisadora, a cultura do consumo nasce e se estabelece pautada nos ideais da liberdade individual de escolha, o que gera uma equação complicada do ponto de vista da política e da cidadania, uma vez que a liberdade de escolha é maior, no capitalismo, para quem tem mais dinheiro. “Então, quanto mais se acentua a liberdade individual do consumidor, mais a vida pública vai se debilitando, porque os pontos comuns entre as pessoas que compõem a coletividade ficam reduzidos: ricos podem mais do que os pobres. A questão da pobreza e da cidadania está diretamente ligada à questão do consumismo, porque coloca frente a frente a carência com a abundância, a inclusão com a exclusão”, observa.

Hibridismo – Valquíria Padilha atenta para o fato de que hoje o shopping center é medida de especulação imobiliária, visto que morar perto dele normalmente oferece certo status. Em seu estudo, ela indica que o shopping colabora para o declínio do espaço público quando ele redesenha as cidades. “Nossas políticas públicas vão deixando lacunas graves e os shoppings (assim como os mercados de forma geral) vão tomando conta desses espaços abandonados. A possibilidade de passear enquanto se faz compras, abrigado do sol, da chuva, do frio ou da neve, também ajuda para o sucesso da fórmula do que chamo de ‘shopping center híbrido’”, explica.

Para a pesquisadora, o hibridismo está no fato de o shopping se chamar “centro de compras” e, no entanto, ser uma nova cidade que reúne compras de mercadorias e também de lazer, serviços, cultura e alimentação. “Aí está, na minha interpretação, o hibridismo desse espaço, que é também uma cidade artificial, com ruas limpas, modernas, seguras, praças de encontros, cinemas, exposições de arte, bancos, academias de ginástica, escolas e até centros de saúde. Cada vez mais o shopping center se hibridiza”, atesta. A autora afirma que seu livro procura mostrar que o sucesso do “shopping center híbrido” como lugar privilegiado para a realização do capital traz consigo o fracasso da plenitude do ser social e freia o processo de emancipação humana. “Isso é muito grave do ponto de vista psicossocial. Eleger o shopping center como o melhor espaço para a nossa sociabilidade e vivência do tempo livre é escolher se ‘coisificar’”, insiste.

Caso Daslu – Valquíria Padilha ainda teve tempo de redigir um apêndice sobre a Daslu, superbutique de marcas internacionais e espaço exclusivo para circulação de milionários, e que recentemente se viu envolvida em escândalos ao ser acusada de sonegação de impostos e contrabando. “Num país como o nosso, a existência de um lugar de encontro para pessoas que gastam uma pequena parte de suas fortunas em supérfluos e prazeres mundanos, é no mínimo afrontoso. A Daslu é um exemplo ímpar da opulência e da submissão total do valor de uso ao valor de troca das mercadorias: o que vale é o preço e a distinção social. É um dos ridículos exemplos brasileiros do desperdício de tempo e de dinheiro. A Daslu é o paraíso para 0,05% da população. O que apenas uma cliente gasta por mês na Daslu – em média 15 mil dólares – daria para sustentar uma família inteira por vários meses. Isso é inaceitável na minha opinião”, finaliza”.
[6]
Notas
[1] STALLYBRASS ,Peter. O Casaco de Marx. Roupas, Memória, Dor. Belo Horizonte. Autentica, 2004. p. 53 – 116
[2] Idem
[3] Marx, K. O Capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
[4] STALLYBRASS, Peter. O Casaco de Marx. Roupas,Memória,Dor. Belo Horizonte. Autentica, 2004. p. 53 – 116
[5] Marx, K. O Capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
[6] http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/maio2006/ju324pag11.html

[ps] $$$

[giselle s.]
A brusca mudança da divisão da cidade começou a se acentuar a partir do século XIX e depois não parou de crescer. No início, a distância entre centros urbanos (condomínios fechados) e periferia era conseqüência de uma má distribuição de renda e poder. No final, os melhores lugares ficavam com quem tem dinheiro e as sobras para o restante da sociedade. Com o passar do tempo, a periferia criou centros internos, o que foi uma forma de defesa visando o afastamento de superioridade imposta pela burguesia. Esta atitude tornou a distância entre as classes sociais menor, inserindo a população periférica novamente ao crescimento social dando-lhe possibilidade de construir uma nova história da cidade. Hoje, o crescimento econômico difundiu o nível da sociedade, misturando burguesia e periferia em um mesmo lugar. A periferia passa a estar no centro e vice-versa. Esta afirmação confirma o início do afastamento da burguesia dos centros urbanos, fugindo não só da violência e da mistura de classes, mas também da
As áreas rurais estão sendo invadidas com a criação de condomínios de luxo, o que esta dividindo novamente a sociedade.
Com o crescimento demográfico e a globalização as pessoas passaram a se misturar mais nos centros das cidades, diminuindo as diferenças. Desta forma, a cidade passou a não ser vista mais por classe e sim por homogeneidade. A mistura de área urbana com as fábricas trouxe um condensamento da sociedade. Tudo no mesmo lugar e para todos. Com isso, a cidade passa a ficar mais movimentada e conseqüentemente mais violenta. Estes fatores contribuíram para a fuga da classe media para os centros rurais, em busca de proteção e tranqüilidade. Os interiores estão sendo tomados por condomínios fechados, que cria um novo tipo de se viver. Um exemplo disto pode ser percebido no novo condomínio Vale dos Cristais, em Nova Lima, onde a infra estrutura ira disponibilizar um centro empresarial, um centro de comércio e de serviços – com lojas de conveniência, padaria, farmácia, entre outros – um espaço para a prática de esportes e uma escola. As novas gerações terão tudo, sem ter que sair de onde vivem.¹
Outro fator que interfere é a despreocupação com os espaços públicos, como praças, ruas, parques, calçadas e transportes coletivos. Eles deixam de ser palco do convívio social para se tornarem meros territórios de passagem rápida, enfraquecendo a relação entre cidadão e cidade. Esses espaços são substituídos, gradativamente, por espaços privados, como os condomínios fechados, os shoppings centers e os clubes particulares.
Podemos perceber esta divisão também na concepção da cidade, pois há uma gritante diferença. As favelas se tornaram amontoados de barracões que tomam conta de morros e locais indevidos, se preocupando mais com a questão de sobrevivência do que tudo. E as áreas onde os empresários e pessoas da classe media alta moram, são compostas de prédios ou residências que esbanjam luxo e poder.
As novas gerações estão convivendo entre si, não dando espaço para conhecer o mundo que existe fora dos muros de onde vivem. A sociedade desta forma, est formando pessoas egoístas e despreocupadas com o próximo, e com isto, uma das melhores características da globalização esta começando a se perder. A relação que antes já era rara, agora se encaminha para impossível. É hora de unir a sociedade e, não deixar que a cifras (poder, dinheiro) imponha com quem
Perder a relação entre sociedade significa dar um passo atrás na evolução da cidade e isto pode acarretar a uma maior centralização do poder.

Evolução da cidade - RJ
Favela Rio de Janeiro nos dias de hoje. (1) ,

Casarões do começo do século situados em frente ao colégio Stella Maris. (2)

Morro do Castelo e suas cercanias em 1920 (3)

O alargamento da rua da Carioca testemunhado pela fotografia de Augusto Malta, em 1906, mostra o verdadeiro canteiro de obras em que foi transformado o centro urbano do Rio de Janeiro no início do século XX. Os velhos sobradões, a maioria usada como cortiços que abrigavam dezenas de famílias, ou antigos armazéns, foram demolidos para dar lugar a largas ruas e avenidas que tornaram a região um pólo comercial, banindo os antigos moradores. (4)

Bibliografia:
Texto base: Alicia Duarte Penna. O espaço infiel: Quando o giro da economia capitalista impõe-se a cidade. (vol. 1 e 2). 1995. Dissertação (mestrado em Geografia) – Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG. p.25-55
Documentário: Eunério Júnior
Imagens:

*(1)Retirado do site: www.unisantos.br/.../artigos
php?cod=24
*(2) Retirado do site: www.uepg.br/rhr/v2n2/kessel.htm
*(3) Retirado do site: www.radio.weblogs.com
*(4) Retirada do site: cifrantiga2.blogspot.com/2006_10_01_archive.html

[ps] fruição-jogo de xadrez

[marcela]






notas sobre a produção de teorias urbanas quaisquer

sobre fazer teoria .Como se conhece .O que é especular ou hipóteses .Como racionalizar .Sobre teoria e prática ou a importância da consideração do fenômeno teórico como histórico presentificável .Quem formula uma teoria sobre o Urbano .Potências [in]disciplinares .Virtualidade e Transdução .Dialética e Gradações: necessidades da realidade .vida cotidiana .Urbanismo .Sobre valores .Festa .[bio]Potência [...]quaisquer?

sobre [panf]letagens [2sem2009]

usar a palavra-chave dada a partir dos seguintes textos como ponto de partida para produção de um construto
01. Kitchen Stories [direção: Bent Hammer] + ABALOS, I. O que é Paisagem = paisagens íntimas
02. KOOLHAAS, R. Cidade Genérica + KOOLHAAS, Rem. Vida na Metrópole ou a Cultura da Congestão = fantasias genéricas / congestão genérica
03. TSCHUMI, B. O Prazer da Arquitetura IN: NESBIT, K. Uma Nova Agenda para a Arquitetura = funcional / inutilidade
04. VIDLER, A. Teoria do Estranhamento Familiar IN: NESBIT, K. Uma Nova Agenda para a Arquitetura = roberto / dessimbolização
05. MAAS, W. FARMAX = leveza
06. NEGRI, A, HARDT, M. Multidão = maria de fátima
07. FLUSSER, V. Design: Obstáculo para a remoção de Obstáculos IN: _______. O Mundo Codificado = reciclagem / sofá
08. GANZ, Louise. Lotes Vagos na Cidade: Proposições para Uso Livre IN: ____ SILVA, B. Lotes Vagos = beleza
09. CRIMP, Douglas. Isto não é um Museu IN: _________. Sobre as Ruínas do Museu = coleção de museu / admiração imparcial
10. WEIZMAN, Eyal. Desruição Inteligente IN: v.v.a.a. 27a Bienal de Arte de São Paulo. Como Viver Junto = infestação / desparedamento
11. Koolhaas Houselife = funcionalidade
12. CORTEZAO, Simone. Paisagens Engarrafadas = paisagismo marcado
13. BRANDAO, Luis Alberto. Mapa Volátil. Imaginário Espacial: Paul Auster IN: _______. Grafias de Identidade. Literatura Contemporânea e Imaginário Nacional = andarilho
14. CANUTO, Frederico. Notas Sobre Ecologias Espaciais = ecossistemas
15. SANTANA, P. A Mercadoria Verde: A natureza = fotografias verdes
16. Central da Periferia = calypso amazônico / brega
17. BECKER, B. Amazônia: mudanças Estruturais e Urbanização IN: GONCALVES, M.F. et al. Regiões e Cidades. Cidades nas Regiões = fotografias verdes
19. Edifício Master. Direção: Eduardo Coutinho + CANUTO, Frederico. Apto[s], 01qrt, 1sl, 1coz, s/vg. =
20. WISNIK, Guilherme. Estado Crítico =

[d] - 1sem2009 = [doc]01 - 1osem2007 = [doc]

Documentário: Documentar os conteúdos ministrados durante a aula do dia, sendo obrigatório entregar no dia posterior, um arquivo digital contendo:
-fotografias/imagens do que foi escrito nas carteiras ou no quadro negro, bem como as discussões em sala de aula;
-outras imagens podem ser colocadas, porém devem ser relacionadas ao conteúdo da aula;
-um texto como o resumo da aula, podendo ou não conter colocações do aluno-autor;
-biografia dos autores citados em sala de aula [pesquisar no curriculo lattes, wikipedia e outros sites]. Na biografia dos autores citados deve, necessariamente, conter os trabalhos mais relevantes, bem como vínculo a escolas de pensamento;
-indicações de sites relacionados aos assuntos trabalhados em sala [mínimo de 05 links];
-notícias relacionadas ao assunto discutido em sala [mínimo de 05 notícias];

[a]02 - 1osem2007

Apresentações Grupo A: Apresentação para a sala de aula dos seguintes temas:[SURREALISMO]+[DADAISMO]+[FLUXUS], segundo os seguintes critérios mínimos: -exposição do pensamento do grupo e diversas correntes internas, através de seus conceitos; -exposição das diversas modalidades: pintura, escultura, arquitetura...; -período e países onde atou; -principais nomes e respectivos trabalhos; -articulação obra-conceitos-ambiente urbano. Grupo B: Apresentação para a sala dos seguintes temas: [KOOLHAAS01 – Delirous New York+SMLXL]+ [KOOLHAAS02 – Mutations+Project on the City 01+02]+ [KOOLHAAS03 – Content +Reconsidering OMA], segundo os seguintes critérios mínimos: -conceitos; -eviolução de pensamento; -textos e questões trabalhadas; -cronologia dos trabalhos; -articulação obra-conceitos-ambiente urbano.

[ps]03 - 1osem2007 = [ps]

Paisagens Superabundantes: Texto a ser entregue contendo imagens e textos, a partir dos conceitos operativos definidos diariamente na disciplina Teoria Urbana.