conceito: fetiuches [prefiro fantasmas]
texto: O casaco de marx
autor: Peter Stallybrass

Where Marx was born, in Trier May 5 1818
Marx: October 1843 to January 1845, 30 rue Vanneau, Paris
Marx: May 1845 to May 1846, 5-7 Rue d'Alliance, Brussels
Marx: December 1850 to September 1856, 28 Dean Street, Soho, London
Marx: March 1875 till his death in 1883. 41 Maitland Park Road, London
O casaco de Marx Enquanto em sua jornada pelo conhecimento, Karl Marx recorrentemente se via às voltas com complicações econômicas. Como forma de driblá-las, penhorava seu casaco. Mas nessa época, para se freqüentar uma biblioteca era exigido que se trajasse um casaco. Então, houve momentos em que Marx teve que abdicar de seu direito de ir á biblioteca por longos períodos, pois seu casaco encontrava-se sob as mãos do penhor. Inclusive isso aconteceu justamente durante o duro inverno londrino em que estudava na biblioteca do Museu Britânico para a redação de sua obra máxima, "O Capital". O mais engraçado é que é na obra "O Capital" que Marx opera uma inversão ousada de conceitos, e rediscute a questão da mercadoria e do fetiche.
Forma Mercadoria = objeto qualquer que é convertido em mercadoria;
A economia depende da mercadoria;
O valor de uso é diminuído pelo valor de troca. Aí é que entra a contradição do capitalismo. A sociedade que mais se alimenta deste valor de uso é a sociedade que mais se abstrai;
O casaco para Marx é sempre essa abstração (o seu valor de troca);
Ou se tem uma mercadoria, ou se tem uma "coisa" (“... A mochila que a minha vó me deixou em seu leito de morte...");
· Como este valor abstrato pode se transformar no seu valor de uso;
· A forma mercadoria não tem a ver com a sua forma física. O que importa é a sua conversibilidade em cifras;
· Como coisa, o fetiche acaba por tomar conta da vida do portador.
E a casa do sítio? Onde fica?
· O consumidor pode ser um grande incorporador e ainda sim não ser um alienado que compra mercadorias pelo seu valor abstrato e sim pelo seu valor sensível. Pela coisa. Como no caso do colecionador que conhece as cicatrizes de suas mercadorias.
· A roupa como mecanismo de poder. Essa roupa é uma tentativa de colocar no presente parte do passado que é uma farsa.
· O estado começa a se desmantelar à lógica do lucro. Vias começam a ser alargadas, construções de belas casas no Centro e especulação imobiliária.
Stallybrass demonstra a importância do casaco de Karl Marx, em suas idas e vindas à loja de penhores, num momento crucial de sua vida de intelectual que mudaria a história da humanidade. Justamente durante o duro inverno londrino em que estudava na biblioteca do Museu Britânico para a redação de sua obra máxima, O capital. Operando uma inversão ousada de conceitos, o autor rediscute a questão da mercadoria e do fetiche, termos centrais na filosofia marxista, a partir de relação sofrida do filósofo e economista com seu casaco, reflexos de suas crises financeiras. Stallybrass faz uma surpreendente reflexão sobre o valor de uso e o valor afetivo, demonstrando que os objetos que amamos e que transformamos em extensão de nossa sensibilidade assumem valores que muitas vezes transcendem a mera relação de mercado.
"O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém, desviamo-nos dele. A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da produção veloz, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz em grande escala, tem provocado a escassez. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade; mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura! Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo estará perdido."
(Charles Chaplin, em discurso proferido no final do filme O grande ditador.)
Links
http://www.marxists.org/portugues/marx/1867/ocapital-v1/index.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx
http://www.comunismo.com.br
http://www.culturabrasil.org/marx.htm
http://www.geocities.com/Vienna/2809/Marx.html (tem Imagine, de John Lennon como fundo musical – uma graça!)
Biografias
Friedrich Engels (1820-1895), filho de um rico industrial de Barmen (Alemanha), é o principal colaborador de Karl Marx na elaboração das teorias do materialismo histórico. Na juventude, fica impressionado com a miséria em que vivem os trabalhadores das fábricas de sua família. Quando estudante, adere a idéias de esquerda, o que o leva a aproximar-se de Marx. Assume por alguns anos a direção de uma das fábricas do pai em Manchester e suas observações nesse período formam a base de uma de suas obras principais, A situação das classes trabalhadoras na Inglaterra, publicada em 1845. Muitos de seus trabalhos posteriores são produzidos em colaboração com Marx, o mais famoso deles sendo o Manifesto Comunista (1848). Escreve sozinho, porém, algumas das obras mais importantes para o desenvolvimento do Marxismo, como Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia alemã , A evolução do socialismo, de utopia a ciência e A origem da família, da propriedade privada e do Estado .