"A casa é uma máquina para viver”
Antes de atentarmos nossos olhares para uma habitação e observarmos suas formas , cores , espaços e significados, devemos nos ater a sua real função, ou seja, o modo como ela se insere no coditiano de quem nela habita , melhor dizendo, de quem nela trabalha, de quem a faz funcionar de verdade. Mas fazer funcionar é algo que nos faz pensar. Tratando–se de uma casa , que nos remete à ideia de lar , moradia. Como outrora dito por Le corbusie “a casa é maquina de morar.” Mas se tratando de Maison à Bordeaux , de Koollhas , a “casa é maquina de viver .”
Pois agora o dever da casa não é somente atender as necessidades básicas , como proteger , descansar, alimentar e higienizar, pois a casa tem que atender à sua razao primordial, que é o viver dentro dela. E cada pessoa vive de modo diferente, cada um tem suas necessidades especiais e isso independe do espaço fisíco. Mas, em se tratando de Maison à Bordeaux , de Koolhas, o proprio dono da casa já se tratava de pessoa com necessidades especiais; pensando nisso, o arquiteto idealizou e projetou uma habitação onde o foco primordial seriam os acessos internos para o propriotario, facilitando e ligando ambientes através de uma passarela (elevador), que ligaria a biblioteca particular do proprietário aos outros pavimentos da casa, isto é, a passarela (elevador) é o coração da edificação , pois é o que a faz funcionar pra quem nela vive. É o que faz a casa ser “uma maquina para viver”.
Sob o olhar de Guadalupe
Por outro lado existe a manutenção, o que deixa a edificação em estado habitável, admiravel, e, até mesmo, funcional. Funcional? Pra quem? Para quem a projetou ? Para quem nela vive? Para turistas? Ou para quem a limpa e conhece cada um de seus aspectos “positivos”?
Para cada um citado acima, a casa é funcional de um jeito, pois, para cada um, a função da edificação é uma. Ninguem a vê com os mesmos olhos; contudo, irei me ater ao olhar de quem a limpa, ou seja, a catalã Guadalupe , pois é ela que com seus quadris largos e todo o seu excesso de peso fazem as formas de koolhas funcionar. Ou pelo menos tenta . Segundo Guadalupe a casa funciona mas precisa de “retoques’, pois tudo é muito cinza, além de existirem aspectos bastante relevantes, como, por exemplo, a escada em caracol onde, todos os dias, Guadalupe desce com o aspirador de pó . Tal escada não foi feita pra descer esse maquinário, porém a real necessidade fez com que fosse utilizada pra tal fim.
A necessidade faz a utilidade, isto é algo que fica bastante explicito no dia a dia da Catalã Guadalupe, ao limpar o “objeto de arte” , que denominamos casa. Para ela a cozinha não se parece com uma cozinha (com a sua cozinha) mas funciona , os quartos são grandes, porém as aberturas nao privilegiam as melhores visadas do entorno. Entao, Guadalupe se pergunta: - “Pra que ter essas janelas ?? Ainda mais desse jeito...”
Não importa, pois, para a patroa, deve haver uma razão pra tudo isso, assim pensa a funcionária .Mas, se tratando de Guadalupe, ela consegue se adequar à casa e a limpa apesar das limitaçoes que a arte de se morar daquele lugar impõe .
Vejo Guadalupe como um camaleao de se adequa em cada ambiente da casa, em cada situação, tapando cada buraco, limpando cada estrago .... Se contorcendo e rebolando em cada espaço pra passar com seus rodos, vassouras e aparelhos .Tudo isso para fazer o seu oficio direito e trazer um pouco de “identidade” a algo já conta com tanta identidade , porém com pouca funcionalidade. Pois o que faz uma casa funcionar é como a mantémos . E o que a faz uma casa ser algo vivo é como nos adequamos à sua funcionalidade ou à falta dela, quero dizer, é como limpamos o cantinho debaixo da escada.
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