Assim como o Jerivá do programa ‘um-pé-de-quê’, outras árvores participam da história da mesma maneira. Aqui mesmo, no Instituto Metodista Izabela Hendrix, havia uma árvore próxima de onde hoje funciona o Atelier Integrado do Curso de Arquitetura. Esta caiu de tão velha, talvez fosse mais antiga que a própria Instituição que tem 104 anos. Pode ser que tenha sido plantada por Aarão Reis e sua trupe, pode ser que não. Mas árvores também nos contam sobre o imaginário humano, sobre nossa natureza enfim. Antes que ela fosse decepada para dar lugar curiosamente à outra planta inserida em seu tronco, e quando ainda também, havia uma lanchonete no meio do pátio onde hoje é o jardim, um funcionário narrou a seguinte estória:
- Quando a danada da imensa árvore ainda dava sombra, várias marcas inscritas na sua casca davam o registro de tudo quanto é coisa que se imagina quando se diz sobre alunos desta escola.
- Certa feita, uma pequena, mas truculenta menina estava com seus colegas desfrutando do prazer de sua sombra e escrevendo na casca como de costume dos alunos.
A conversa tomava ares de papo de gente grande:
- Quando crescer, eu vou dar um jeito nesse país. Não vou ficar sendo menina serviçal não. Igual a Rita, que a mãe dela fica ensinando etiqueta pra receber os convidados do marido! Nem pensar.
- Vou fazer as coisas do meu jeito. Nem que pra isso eu tenha que implantar nesse país uma ditadura. É assim que eu gosto. Logo depois, ela escreveu seu nome na árvore com data e tudo, segundo o narrador.
- O nome dela, há sim, era uma tal de Dirma, Dirma Rousss.. não sei o quê. Acho que Rossef. É isso mesmo, esse povo das Arábia. Era tempo em que o JK dava ares na prefeitura, fazendo novas avenidas, calçando, alargando ruas e inaugurando a Pampulha com o famoso Niemeyer. Havia até um bonito boulevard na Av. Afondo Pena. Árvore pra todo lado. Pra quem vinha da periferia quase toda sem calçamento e via aquilo, se espantava, ficava surpreso com tanta beleza!
- Dizem que arquitetura é isso né, tem que causar espanto no outros.
- O ‘ômi’ tamém abriu uma larga e comprida avenida chamou de Amazonas. Ela ia lá pros cafundó das ‘contage das abóbra’. Diz que era pra ligar o centro da capital às ‘indústria’ que ia pra lá. ‘Éas ia pra lá porque lá, o vento ia soprá a fumaçada pra bem longe! O próprio Juscelino também plantou palmeiras imperiais ao longo de grande trecho da Av. Antônio Carlos. Elas rivalizam com os Jerivás, são muito parecidas. Tal político, que chegou à Presidente do país, abriu uma avenida daquele tamanho naquela época porque dizem que ele era um visionário. Será que não tinha especulação imobiliária no meio disso? Crê-se que sim.
Mas, voltando à Árvore Izabelina, ou melhor, ao que restou dela, outra nova planta surgirá e talvez ela nos conte um dia que tal Fulano passou por aqui e realmente fez diferença. Aos pouquinhos é claro, por que quem tenta dar um jeito no país de uma vez só é ditador. E quem não dá jeito nenhum é ladrão. Talvez o tronco dessa nova árvore fique tão grande que dê pra enfiar dinheiro dentro e escondê-lo, apesar do aquecimento global. Hoje é assim, enfia-se dinheiro em tudo quanto é lugar, principalmente o dinheiro oriundo de trapalhadas políticas. Propinas. Parece nome de árvore. ‘Propina brasiliensis arrudae.
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